Um sentimento tão palpável que quase se pega com as mãos: a fé de que teremos uma outra chance quando virar a meia-noite do dia 31 de dezembro pro dia 1o de janeiro (no meu caso esse sentimento grita hoje -1 de fevereiro- volta às aulas da minha filha). De que é a página em branco (literalmente) que tanto aguardamos. É uma noite apenas entre 365 e é tudo muito.
Para ler ouvindo:
Muitos poetas, autores e artistas antes de mim já fizeram trabalhos maravilhosos sobre o tanto de simbolismo que existe no ato de virar a folhinha do calendário (taí Drummond que não me deixa mentir); então não vou me estender além da conta sobre o poder transformador que existe em algo aparentemente tão banal.
Mas nesse ano eu decidi pensar diferente. Nada termina: estamos sempre recomeçando, de algum ponto. Não partimos do zero.
“a gente é o que a gente inventa ser”
"Se você muda a maneira como você olha para as coisas, as coisas para as quais você olha mudam."
Talvez meu fascínio com a magia do ano-novo ainda resida nisso: embora pareça que estamos sempre a dançar a mesma coreografia de seguir com os rituais de sempre, sabendo que o infalível 02 de janeiro fevereiro chega para nos mostrar que muito continua no mesmo lugar em que deixamos no dia 31 de dezembro do tal ano anterior; nós olhamos para as coisas de uma maneira diferente — e isso muda absolutamente tudo. Pode ser por apenas um dia, uma semana, um mês, uma hora, uma noite, um beijo no momento da virada. Pode ser pelo tempo que a gente quiser. A vida é nossa, a gente acredita no que fizer mais sentido pra gente — ali, naquela fração de tempo, que no macro de todos os nossos anos aqui talvez não seja nada, mas na realidade é tudo o que temos: é o agora. O ontem já passou, o amanhã não existe. Só temos o hoje. E é nele que temos o poder de renascer sempre que a gente quiser — ou precisar. A gente é o que a gente inventa ser. 2024 tem 366 hojes novinhos em folha pra gente tentar.
“Haverá outro modo de salvar-se? Se não o de criar as próprias realidades?” (Clarice Lispector)
Os 4 livros que li em janeiro foram:
Verity de Colleen Hoover - Verity é uma obra que possui cenas muito gráficas e incômodas, principalmente no que se refere a assuntos relacionados à maternidade. É de revirar o estômago algumas cenas.
Eu realmente ainda não sei o que pensar desse livro, acabei não chegando a uma conclusão sobre o que eu acho que realmente aconteceu, mas gostaria de pensar que uma pessoa não possa fazer tantas maldades.
Aos prantos no mercado de Michelle Zauner - é um lindo relato de uma filha em luto. Algum dia alguém escreveu que a cultura é a família de nossa família. Se isso é verdade, pode-se dizer que Aos Prantos no Mercado é um lindo livro capaz de nos conectar com a amplitude à qual fazemos parte.
“Agora que ela não estava mais aqui, não havia mais ninguém para quem perguntar sobre essas coisas. O conhecimento que não foi registrado morreu com ela. Só sobraram documentos e minhas lembranças, e agora cabia a mim entender a mim mesma, auxiliada pelos sinais que ela deixou para trás.”
(Trecho do livro muito verdadeiro, eu me sinto assim com a morte da minha mãe até hoje)
O segredo da empregada de Freida McFadden - Após ler A Empregada eu confesso que não fiquei tão empolgada com a continuação, porque na minha cabeça não tinha como fazer aquela história e aquela personagem render muito mais do que aquilo. Inclusive lembro que pensei “ah, agora que já sabemos a fórmula, provavelmente será a mesma no próximo”. Que inocência da minha parte!
Uma rua no Brooklyn de Jenny Jackson - Acredito piamente que nem todo livro (nem filme, nem música, nem peça teatral) tenha por obrigação modificar qualquer aspecto da vida com quem entra em contato: algumas vezes só queremos nos divertir ou dançar. E foi com este pensamento que escolhi ler o livro de estreia de Jenny Jackson, que me prometia falar sobre a vida dos ricos (muito ricos) que vivem em New York. Como boa cria de “Gossip Girl”, embarquei e me deparei com uma trama bem maior do que pensei que leria – e digo nisto no mau e bom sentido. No bom porque realmente o livro traz a vida dos ricos com alguns detalhes especificos, mas o mau é que é justamente o maior problema da trama porque a vida glamourosa deles não é o foco da narrativa. A família Stockton é o foco, como a sinopse entrega, mas não por seu dinheiro e sim por ser uma família. Sim, o foco do livro é o relacionamento familiar. Ou a falta dele, dependendo do seu ponto de vista.
E por hoje é só! Espero que 2024 seja um ano incrível pra gente. Meu janeiro foi meio esquisito como todos janeiros são (fiquei muito tempo na praia com minha filha e amigos, voltei para São Paulo e comecei a “botar ordem na casa", montei uma academia na varanda - papo para a próxima newsletter - organizei uniformes e material escolar, meu sogro ficou internado na UTI vários dias, mal entrei e olhei o Instagram e não consegui ler nada das newsletters que adoro, em compensação li 4 livros. Enfim muita coisa, por isso essa miçangas de “começo de ano” está chegando em fevereiro. Feito é melhor que perfeito né? Tento viver as minhas próprias lições também, sempre que possível ;)
☆ obrigada por chegar até aqui, e até a próxima! um grande beijo, com amor