Contei na última Miçangas sobre um livro que li em janeiro e gostei muito que é o “Aos prantos no mercado”.
Filha de uma sul-coreana e um americano, a cantora e escritora Michelle Zauner, de 33 anos, nascida em Seul e criada no Oregon, nos Estados Unidos, nunca se sentiu pertencendo a nenhum dos dois países. Sem saber falar coreano, ela cresceu em meio a cultura americana, mas na escola era vista como uma imigrante. Quando viajava para o país asiático, a dificuldade com a língua materna a atrapalhava se inserir plenamente na sociedade. A única pessoa que a fazia se sentir conectada às suas raízes era a sua mãe.
Essa frágil ligação de Michelle com o mundo se rompeu em 2014, quando sua mãe morreu. Na época, a artista dava os primeiros passos de sua banda, a Japanese Breakfast, que se apresentou há pouco tempo em São Paulo no Primavera Sound.
Para lidar com esse luto, nos anos seguintes, Michelle resolveu botar no papel todo o sentimento que sentia pela mãe. O resultado é o livro Aos Prantos no Mercado que entrou nos mais vendidos do New York Times e foi elogiado por Barack Obama.
O livro é um lindo relato de uma filha em luto (uma história real). Michelle conta a sua conturbada relação com a mãe, a sul-coreana Chongmi, e como as duas se aproximaram, por intermédio da comida, quando ela foi diagnosticada com um câncer pancreático que lhe abreviaria a vida em 2014. Algum dia alguém escreveu que a cultura é a família de nossa família. Se isso é verdade, pode-se dizer que Aos Prantos no Mercado é um lindo livro capaz de nos conectar com a amplitude à qual fazemos parte.
Eu destaquei muitos trechos lindos no livro, como já perdi a minha mãe eu me reconheci em várias passagens da história e também entendia profundamente o que a Michelle Zauner queria dizer, compreendo tanto os sentimentos dela, porque são os meus também.
Vou dividir uma parte que me tocou muito:
“Agora que ela não estava mais aqui, não havia mais ninguém para quem perguntar sobre essas coisas. O conhecimento que não foi registrado morreu com ela. Só sobraram documentos e minhas lembranças, e agora cabia a mim entender a mim mesma, auxiliada pelos sinais que ela deixou para trás.”
Como participei de um clube do livro para lê-lo juntei muita coisa legal que aumentam a experiência da leitura e resolvi dividir aqui com vocês:
Neste vídeo a Michelle Zauner conta mais sobre o livro. Mostra muitas fotos também e torna tudo mais especial:
Aqui temos o vídeo de um tour em um H Mart para quem ficou curioso lendo o livro
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"Toda vez que me lembro que minha mãe está morta, parece que estou colidindo com uma parede que não dá... Não há como escapar, apenas uma superfície dura que eu continuo batendo repetidamente, um lembrete da realidade imutável de que nunca mais a verei novamente.”
A mãe da Michelle Zauner também é a capa do segundo álbum da banda da autora, chamada Japoneses Breakfast. O álbum se chama Psychopomp.
Vou deixar uma playlist inspirada pelo livro É só procurar por "h mart" no Spotify:
Essa entrevista muito legal da auto no “The Tonight Show”:
Algumas fotos da autora com sua mãe que eu amei ❤️:
Uma dica legal em São Paulo! A Aigo é uma livraria independente no Bom Retiro especializada em Iiteratura coreana e de outras comunidades migrantes. E vejam o livro que está na vitrine nessa foto.
Vi esse post no Instagram com dicas de locais onde podemos nos sentir na Coreia
Olha que incrível essa entrevista com a autora sobre o livro, que aborda bastante o processo do luto e a relação com a mãe:
Encontrei um podcast que aborda alguns temas pertinentes na obra: comida, identidade, luto e memória. Vale a pena conferir:
Tem também esse vídeo bem legal da Vogue com a Michelle. Da metade pro fim ela mostra alguns looks mencionando a relação da mãe com a moda e inclusive mostra a bolsa Chanel que a mãe tinha e que ela fala sobre no livro!!
Deu para perceber que esse é um livro que abre multiplicas possibilidades para exercitarmos a nossa curiosidade em vários temas, morte, luto, relações familiares, comida, memórias, música, moda, cultura. Quando comecei a ler o livro o achei um pouco cansativo por conta de tantos detalhes, mas cheguei ao final e me apaixonei tanto por tudo o que li que sigo pensando nele e deixando o algoritmo trabalhar para eu descobrir cada vez mais curiosidades sobre toda essa história. Amei!!